O Gosto Pela Comida Vem de Berço





Por Carolina Viana Correa Coimbra de Sousa

A formação dos hábitos alimentares começa durante a amamentação, uma vez que alguns compostos que dão sabor a alimentos como hortelã, alho e baunilha estão presentes também no leite humano, o que possibilita o aprendizado precoce da criança à cultura alimentar materna.

Ao reconhecer os sabores do aleitamento na fase da introdução de novos alimentos, que deve ser entre 6 meses e 1 ano, a criança terá uma maior probabilidade de aceitação das novas refeições, o que não significa que essa seja uma tarefa fácil. A diferença de textura e consistência provoca nos pequenos uma relutância em consumir alimentos da primeira vez que os experimentam, podendo ser necessário oferece-lo várias vezes. O  recomendado é tentar de 8 a 10 vezes!!! O que exige muita paciência dos cuidadores.

Diante de muito cansaço, e choro, algumas mães optam por um artifício muito deletério, que é introduzir açúcar nas papinhas de frutas. O nosso paladar é muito mais receptivo a sabores adocicados, entretanto deve-se evitar o açúcar até um ano de idade, acostumando a criança ao “doce” natural dos vegetais, evitando o hábito de consumir calorias vazias (com poucos ou nenhum nutriente). 

Outro grande complicador é que a maioria dos pais utiliza a tática do “faça o que digo, mas não faça o que faço”, ou seja, querem convencer o filho a comer alimentos que nem passam perto do próprio prato. Instantaneamente acende um sinal de alerta no inconsciente: “Se meus pais são meus heróis e sabem tudo, devo ser como eles!” – ou seria no consciente?:  “Se fosse tão necessário para a saúde e gostoso, todos estariam comendo!”. De qualquer forma, essa conversa não “cola” com ninguém, muito menos com criança.

Quando chega a idade em que a criança adquire maior autonomia para escolher o alimento no armário e na geladeira, o que ela irá encontrar determinará definitivamente seus hábitos. Pouco irá adiantar uma frutinha perdida aqui ou ali em meio há muitos produtos industrializados, cujas propagandas já determinam que são “gostosos”, “divertidos” e “necessários” para a saúde – precisamos nos lembrar que, em média, as crianças brasileiras assistem cerca de 5 horas de televisão por dia, mesmo tempo dedicado a escola – além de serem ricos em açúcar e/ou glutamato, substâncias que literalmente viciam o paladar. 

Obviamente, nunca é tarde para mudar, mas cada ano de comportamento alimentar inadequado significa uma batalha a mais a ser vencida quando, no futuro, as consequências dos chips, biscoitos recheados e refrigerantes baterem na porta da casa de nossas crianças (já não tão crianças assim).

*Carolina Viana Correa Coimbra de Sousa é mestre em Biotecnologia, nutricionista da Secretária Municipal de Educação da Prefeitura Municipal de Vitória e trabalha com educação nutricional de crianças.

4 comentários:

regina claudia brandão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
regina claudia brandão disse...

o gosto pela comida vem do berço. os hábitos quem os cria é a mãe, quando é ela que alimenta, claro. meu porrinha ia no supermercado comigo pedia brocolis e adora quiabo.
criei uma frase: alimentar é a mais primitiva e a mais eficiente forma de amor. é isso.

flo disse...

kd meu banner
kkkk

Irismar Oliveira disse...

Graça e paz, irmão Marivan, passei para ouvir uma pouco de musica e lhe desejar uma boa tarde!!

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